quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Receita do Dia? Decepar a cana...

A mistura de hoje é temperada por indignação. Um sentimento perdido na sopa rala que está nosso país. Um fogão no qual o fósforo está na mão do capital.

Contrariada, Ypióca tenta intimidar para calar movimentos sociais. Em repúdio a agroindústria é realizado ato na Praça do Ferreira pela defesa do meio ambiente, dos povos indígenas e da liberdade de expressão.

Com apresentações culturais, músicas e discursos dos movimentos sociais do Ceará. Pessoas de bem manifestaram seu apoio ao professor Jeovah Meireles e ao jornalista Daniel Fonseca neste dia 23. A Praça do Ferreira, espaço simbólico na capital, marcou o encontro de forças como o Fórum em Defesa da Zona Costeira, a Frente Contra a Transposição do Rio São Francisco, SOS Cocó, Crítica Radical, Ongs, profissionais liberais, servidores públicos, estudantes e ambientalistas. Todos numa tentativa de mostrar para a sociedade as injustiças ambientais e a omissão da grande imprensa.

Em janeiro de 2007, a empresa Ypióca, perdeu o Selo Orgânico concedido pelo Instituto Von Demeter. O Instituto atribuiu o cancelamento a "motivos técnicos". No entanto, é provável que o problema tenha sido a repercussão de uma reportagem divulgada, em site alemão, pelo jornalista Nobert Suchanek.

A reportagem denuncia os abusos ambientais cometidos pela empresa comprometendo a Lagoa da Encantada e seu entorno. O jornalista escreveu após assistir palestra do professor Jeovah Meireles, em Fortaleza, durante seminário sobre racismo ambiental.

A notícia apenas revelou o que já era de conhecimento do IBAMA, FUNAI e até do Ministério Público Federal que, inclusive, já havia acusado a empresa de provocar danos ambientais como a eutrofização (processo desencadeado por poluição e responsável pela proliferação de algas e mortandade de peixes) e a poluição bioquímica na Lagoa.

O jornalista cearense Daniel Fonseca publicou informações relativas aos danos ambientais e ao desrespeito com que a empresa tratava o povo indígena Jenipapo-Kanindé, que vive no entorno da Encantada. Em matéria, denunciou a movimentação repressiva da Ypióca que ameaçava processar na Justiça Alemã a publicação digital feita por Nobert Suchanek. Era desejo da indústria que a matéria jornalística fosse censurada e o jornalista, punido.

A partir daí a Ypióca decidiu interpelar judicialmente o jornalista Daniel Fonseca e o professor Jeovah Meireles. Além de cometer um atentado à liberdade de expressão a empresa ainda cometeu o absurdo de negar a presença de indígenas na zona costeira cearense. Em documentos do processo judicial contra Fonseca afirma não existir a presença de indígenas no litoral cearense.

O documento emitido pela empresa contraria a posição do Ministério Público Federal, responsável, juntamente com a Funai e o Iphan, pela publicação, em 2004, do livro “Ceará, Terra da Luz, Terra dos Índios”. Publicação lançada em seminário com a presença das etnias reconhecidas (Tapeba, Tremembé, Pitaguary e Jenipapo-Kanindé) e das que estão em processo de reconhecimento (Calabaça, Potiguaras).

Os movimentos sociais escreveram uma nota de apoio às pessoas intimidadas por compreender que as atitudes da agroindústria cerceiam o direito de liberdade de imprensa e expressão. Sem esquecer o dano causado ao povo Jenipapo-Kanindé e sua Lagoa da Encantada.

Leia a nota de apoio e assine também. Basta enviar um e-mail para baima.aline@gmail.com
O clique aqui e visualize a nota:
http://www.terramar.org.br/oktiva.net/1320/nota/55053

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Em protesto esta jornalista, que já não bebe refrigerante, não beberá mais nenhum produto da Ypióca. Tomara que não patenteiem frutas e bebidas naturais...

Para saber mais:

http://www.portaldomar.org.br/

http://www.terramar.org.br/


7 comentários:

Anônimo disse...

Parabenizo a jornalista pela excelente matéria! E ao grupo do prato do dia pela importante iniciativa! É preciso furar o bloquei da grande mídia - que fecha os olhos, tapa os ouvidos e cala a boca sobre assuntos que contrariam o jogo de conveniências do capital!
Todo apoio às causas indígenas! Todo apoio a Jeovah Meireles e Daniel Fonseca! Ypióca, no Ceará tem índio, sim!

Philipe Ribeiro disse...

Muito bom, Camila, parabéns... vou pedir pro pessoal do CMI linkar essa matéria no site. :)

Anônimo disse...

Somos solidári@s ao Jeovah Meireles e Daniel Fonsêca. Este matéria foi publicada em nosso site.

Gina Emanuela disse...

Podem alardear que a internet é um aglomerado de bobagens, mas não é só isso. Como em qualquer lugar, a gente encontra o que procura. E eu realmente me orgulhei qde encontrar essa sua matéria, Camila. Porque a internet também é espaço pra oportunidade, pra se dizer o que deve sre dito; sem mordaça ou edição. Eu até gostava do Museu da Cachaça, mas agora.
Obrigada pelo prato de conscientização.

Gina

Wilton Matos disse...

Camila parabéns!

Você é você e caçe outra. Fico feliz em fazer parte dessa cozinha que tem tempero de consciência. Vamos pôr lenha no forno que tem muita comida pra ser feita.

Beijos!!

Anônimo disse...

Olá pessoal! Gostaria de dizer a vcs que eu tive a curiosidade de ir até a Lagoa da Encantada, conheci a comunidade, e visitei a empresa Ypioca. Não vi nenhuma poluição óu dano ambiental além do desmatamento de vegetação ciliar da Lagoa e construções irregulares feitas pelos índios nas suas margens e dentro do sangradouro da Lagoa, os índios estão destruindo a Lagoa, seus esgotos estão a céu aberto, a areia da Lagoa é de duna e a erosão está tomando conta de tudo. É estranho dizer que a empresa Ypioca polui, pois ela está numa distância de 3Km do espelho d'água, mas os índios me disseram que o Prof. Jeovah está sendo financiado num projeto na área... será que vcs não estão ajudando o prof. Jeovah a ganhar dinheiro?

nota de esclarecimento disse...

A VERDADE PREVALECEU

NOTA DE ESCLARECIMENTO:
Antonio Jeovah de Andrade Meireles, geólogo, professor universitário, venho, por meio desta, a bem da verdade, apresentar esclarecimentos referentes aos fatos articulados no processo n. 2007.01.12155-6, que corre perante a 8ª vara Criminal de Fortaleza, envolvendo minha pessoa bem assim a empresa Ypióca Agroindustrial Ltda., o que faço da forma seguinte: Em 2005, ao participar do “Primeiro Seminário contra o Racismo Ambiental”, ocorrido no Rio de Janeiro, fui convidado a desenvolver exposição sobre os conflitos socioambientais no litoral cearense em razão de minha experiência de mais de 15 anos como pesquisador dos ecossistemas e da geodinâmica do litoral e as relações desenvolvidas pelas comunidades tradicionais. Na ocasião, foi trazido à baila a situação dos índios Jenipapo-Kanindé no município de Aquiraz/CE, que há anos reclamavam uma postura mais atuante do poder público contra uma alegada degradação da Lagoa da Encantada. Foram então apresentadas informações e relatos dos próprios índios que demonstravam a necessidade de maior atenção do Poder Público com a lagoa em apreço. Esclareço, a bem da verdade, que, naquele momento, não fiz, qualquer afirmação, atribuindo à empresa Ypióca Agroindustrial Ltda. a prática de crime ambiental de qualquer natureza. A partir do referido seminário, teve início uma série de notícias jornalísticas indicando, inadequadamente, como de minha autoria denúncias de que a Ypióca estaria lançando vinhoto e outras substâncias poluentes na Lagoa da Encantada, uma vez que as informações veiculadas diziam respeito a dados obtidos de outras fontes. É preciso esclarecer que nunca tive, naquele episódio ou em qualquer outro, a intenção de macular a imagem da empresa ou de prejudicar suas atividades comerciais com a propagação de informações, cujos fatos ainda não foram devidamente esclarecidos. Reconheço que as mencionadas matérias jornalísticas tomaram uma dimensão excessiva, podendo ter causado prejuízos à empresa. Esclareço, entretanto, que jamais me posicionei como responsável em face daquelas, até mesmo porque não compactuo com práticas difamatórias ou caluniosas, sempre tendo pautado minha atividade docente e de pesquisa na ética. Espero que, diante destes necessários esclarecimentos, a empresa acate-os, pondo fim às demandas criminal e cível existentes, querendo, de igual, dar a devida publicidade à presente. Pelo exposto, pugnando pela verdade, trago os devidos esclarecimentos, à comunidade em geral no intuito de evitar distorções e maiores prejuízos, comprometendo-me a evitar qualquer outro pronunciamento formal, via internet ou qualquer outro meio de comunicação, em dissonância com o posicionamento aqui assumido, referente aos fatos alusivos a ação criminal em tela.