quinta-feira, 7 de maio de 2009

07/05 - 20h - Literatura - Letras de Bar com José Leite Netto

Nesta quinta 07 de maio Letras de Bar traz ao Bar do Papai o escritor José Leite Netto. Ele fará uma noite de autógrafos e falará sobre seu trabalho. Você está convidado.

O Livro da Chuva, de José Leite Netto, uma das publicações vencedoras do Edital das Artes 2007 da Prefeitura Municipal de Fortaleza, é dividido em três partes.

A primeira, que carrega o mesmo nome da obra, é composta, em sua maioria, por sonetos, que, apesar de não respeitarem a métrica regular, não deixam de lado a rima e, portanto, possuem ritmo e musicalidade. O eu lírico é o homem que canta os prazeres da vida: o gozo proveniente do amor, da carnalidade e do vinho. O espaço dessa celebração é a cidade de Fortaleza, que ganha contornos míticos. Aliás, o poeta verdadeiramente se debruça sobre a mitologia grego-romana na construção dos poemas: há a presença da folia de Baco, da música de Orfeu, da sensualidade de Vênus. Tais elementos, entretanto, não caminham solitários pelos versos do autor: estão ligados a diversas referências à cultura decadentista dos poetas românticos e simbolistas e à cultura pop do rock’n roll.

Na segunda parte do livro, temos o conjunto de poemas Vermelho Sol de Canudos, um canto de liberdade para o povo oprimido de Canudos. Ao contrário da sobriedade com que Euclides da Cunha tratou do tema, em seu Os sertões, José Leite Netto claramente toma partido em favor dos sertanejos. São versos que retratam a dor da guerra e da perda, do sofrimento e da opressão. Além disso, os poemas são uma exaltação à coragem dos homens e mulheres que lutaram por sua terra, comandados por Antônio Conselheiro.

A terceira parte do livro, intitulada A necessidade do silêncio, retoma alguns temas da primeira parte, como a celebração do amor e do corpo, mas agora há a economia verbal, a preferência pelo verso livre e certa inclinação à poesia nominal, contrastando com a densidade observada nos primeiros poemas. Sem nunca perder o lirismo arraigado de sua obra, o autor também discorre sobre a própria poesia e sobre a tarefa de ser um poeta, um homem a serviço dos próprios sentimentos, buscando a transfiguração através da palavra.

José Leite Netto, em O Livro da Chuva, canta a liberdade: a liberdade da alma, do amor, da criação poética. A linguagem fragmentada dos poemas, facilmente demonstrada pela quebra sintática e semântica dos versos, pode ser entendida como a chuva a que se refere o título do livro: é como se as palavras e frases soltas fossem como gotas d’água sobre o papel, umedecendo o coração dos leitores. Chove poesia sobre a Fortaleza de Iracema.

por Urik Paiva

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