
A primeira, que carrega o mesmo nome da obra, é composta, em sua maioria, por sonetos, que, apesar de não respeitarem a métrica regular, não deixam de lado a rima e, portanto, possuem ritmo e musicalidade. O eu lírico é o homem que canta os prazeres da vida: o gozo proveniente do amor, da carnalidade e do vinho. O espaço dessa celebração é a cidade de Fortaleza, que ganha contornos míticos. Aliás, o poeta verdadeiramente se debruça sobre a mitologia grego-romana na construção dos poemas: há a presença da folia de Baco, da música de Orfeu, da sensualidade de Vênus. Tais elementos, entretanto, não caminham solitários pelos versos do autor: estão ligados a diversas referências à cultura decadentista dos poetas românticos e simbolistas e à cultura pop do rock’n roll.
A terceira parte do livro, intitulada A necessidade do silêncio, retoma alguns temas da primeira parte, como a celebração do amor e do corpo, mas agora há a economia verbal, a preferência pelo verso livre e certa inclinação à poesia nominal, contrastando com a densidade observada nos primeiros poemas. Sem nunca perder o lirismo arraigado de sua obra, o autor também discorre sobre a própria poesia e sobre a tarefa de ser um poeta, um homem a serviço dos próprios sentimentos, buscando a transfiguração através da palavra.
José Leite Netto, em O Livro da Chuva, canta a liberdade: a liberdade da alma, do amor, da criação poética. A linguagem fragmentada dos poemas, facilmente demonstrada pela quebra sintática e semântica dos versos, pode ser entendida como a chuva a que se refere o título do livro: é como se as palavras e frases soltas fossem como gotas d’água sobre o papel, umedecendo o coração dos leitores. Chove poesia sobre a Fortaleza de Iracema.
por Urik Paiva
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