domingo, 1 de março de 2009


Quando as Noites Voavam



José Leite Netto






Tudo começou seguindo o Rio Negro onde boléka, a onça invisível do universo nascia de um pé de tajá (tajá-que-pia). Tudo começou quando tudo era só índio, antes do homem branco, antes da fome do ouro, antes da lâmina e da serra, da borracha, antes do sangue verde escorrendo da árvore-mãe que grita, hoje, por socorro na língua dos bichos... E os índios cantavam suas lendas no correr do grande Rio aonde um sábio-bruxo misturava mágicas ervas para “fechar corpos”. Amazônia onde um cipó se transformava em cobra, e o boto virava Dom João e lá noitebreu de nossas matas, árvores engravidam moças. Tudo por dentro da alma do indio, por dentro dos igarapés ou no brilho da lua por trás do assai, tudo dançando A Dança do Arco-íres ao som do Carão*, Quando as Noites Voavam.

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QUANDO AS NOITES VOAVAM: livro de Jorge Tufic, poeta acreano radicado no Ceará, membro da Academia Amazonse de Letras.

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